A hora é agora

Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre... (Charles Chaplin)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Baúzinho


É como um grande e velho baú, empoeirado
a algum tempo relendo tudo que guardara ali,
tantas coleções antiquadas, que me pego horas
sem saber, realmente, o que fazer com tudo isso.

Mas, calmamente, venho decodificando cada traço
e percebo dia após dia, o quanto vivi... que delícia
sonhos de menina, algo pré histórico por dizer,
algo maior que minha idade, quem sabe,
talvez eu tenha vindo mesmo de outras vidas.

Eu não tenho nem meia idade, mas juro
certos pensamentos até me assusta,
algo mais antigo que as muralhas da China,
mais recente que o nascimento de 7 bilhões.

Sabe, até acordei meio cansada, dores nas costas,
por carregar tudo isso, um cansaço, olheiras.
Era um baú muito pesado, coisas estragadas
cheio de retalhos, poeira, papéis e segredos.

Como é gostoso perceber que a cada nova etapa,
encontro coisas inúteis, recicláveis, adoráveis.
Pensei em jogar fora uns retratos antigos,
amores, aprendizes apenas, nada interessante

Todo dia olho um pouco, pacientemente
tentando compreender o que aconteceu
Mas nem consigo lembrar, tudo tão vago
cheio de manchas de tinta, impossível dizer.

Engraçado, ainda que triste a lembrança,
papéis amarelos, envelhecidos do tempo,
borrões e presentes que não pude entregar.
Tudo isso me faz ver, o quanto amei.
Amei muito, o que foi tão pouco.

Talvez a vida me ensine a compreender,
que ontem, só tive o que tinham pra dar.
Pois sequer consigo ler o que escrevi,
não havia máquinas de escrever,
papiros e uma pena de pavão na mão,
momentos de puro amor e solidão.

Esse bauzinho, o pequenino, sabe... o meu coração,
onde tiro metros e metros de fitas coloridas
é leve como um passarinho, feliz em seu ninho
mas por vez, pesado pra voar, coisa da física
a tal da gravidade, que insiste em me desafiar.

Hoje, ainda menina, nem choro por essa bobagem,
minhas lágrimas formaram um rio naqueles momentos,
e levou embora tudo que eu não precisava,
foi sim embora, tudo que não me faz feliz.

Vanessa Siqueira  
Licença Creative Commons
Baúzinho de Vanessa Siqueira é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Brasil.

5 comentários:

  1. É bom ter lembranças, saber que vivemos coisas boas que merecem permanecer na nossa memória...

    Beijocas.

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  2. Olá!Que blog lindo!!!Acabei de conhecer seu blog e estou adorando! Suas postagens são muito bem construídas e seu blog é muito bem organizado.Você está de parabéns!Já estou lhe seguindo e te convido a visitar e seguir o meu blog também.Aguardo sua visita!
    Bjs!
    Zilda Mara
    http://cacholaliteraria.blogspot.com/

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  3. A vida é esse vai e vem. Tão constante. Bonita poesia!

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  4. Passando pra deixar um beijo de boa semana, flor.

    =*

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  5. Oi, Vanessa, boa noite!!
    Quem de nós não tem esse baú cheio de coisas chamadas saudade, cheio de momentos cuja lembrança dói e alegra num só tempo, cheio de momentos que tentamos compreender e só chegamos à conclusão que jamais os compreenderemos?!...
    Nessa linda crônica poetizada, você nos abre seu baú de reflexões, e percebemos que os nossos se abrem também.
    E isso faz que esse momento de leitura seja lindo!
    Um beijo carinhoso
    Leo

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