A hora é agora

Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre... (Charles Chaplin)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O Palco dos meus dias


Eu moro nesse palco,
no teatro da minha vida,
onde disfarço cada passo,
Fazendo das malas do passado,
os artefatos dos meus dias.

Muitos nem percebem,
que a maioria dos sorrisos
trazem ao fundo, um colorido,
Rosa meio chocho,
o azul meio fosco.

Pego uns 100 por hora,
só pra acompanhar a adrenalina,
que me permite fingir,
sou forte feito aço, indestrutível,
me atrevo sem medo de cair,

Nem imaginam que nem sou assim,
tenho medo de altura, do escuro
da velocidade da luz.
Fingo uma voz áspera, grossa
só pra não dizer que amo mesmo,
choro de verdade,
pra não dizer que tenho medo.
Mas eu sou mesmo assim.

Na verdade, meu interior é decorador
não precisa ser decodificado
Até devo confessar, coloquei uma pedra,
onde devia pulsar um velho amor.

Me ponho em trapos, panos e tiras,
só pra fingir deselegância,
dizer que não me importo,
quando tanto desejo,
postura de boneca.

Me encontro neste palco,
realidade de disfarce,
Sou meio boneca de porcelana,
soldado de chumbo,
bailarina, maloqueira,
sou verdadeira,
quando tenho medo de mentir.

Disfarço essa força,
só pra dizer que me esqueci.
E nesses trechos descrevo,
pensam até que ando triste,
mas isso eu fui naquele tempo,
hoje até diria, "quem diria"
sou sim, realmente, feliz.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Iceberg


Seria um tanto desumano,
dizer que não amo assim,
fiz-me neste molde, meio pedra
Mas me transforma inteira,
se atinge a ponta do iceberg

Acertaste em cheio,
bem dentro do meu peito,
exatamente de onde fujo,
foi onde me levaste.
bem ao fundo do iceberg

Cruel e injusto,
Deverias advinhar,
que amei pouco,
e por isso,
amei demais.
Me deixaram, aqui
dentro do iceberg

Hoje me escondo feito louco,
desse tipo de amor torto,
porque não vivo, nao posso,
não há sorriso pra multidão
é apenas, um amor.
Um amor na solidão
Frio como o iceberg

Você finge não entender,
mesmo me tocando,
sabe que não sou dura assim,
mas se não é capaz de lapidar-me
tirar o brilho fosco de dentro
não tens o amor tão forte assim.

Talvez finja saber tudo,
meio detetive, sensitivo
mas nao percebe,
nao sabe nem pedaço de mim
se nao entende nada disso,
entendo eu, sei que és
frio como o iceberg.

Vanessa Siqueira

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Coração: um desembrulho de palavras


É sempre assim
mal te vejo,
dá um aperto
em meu peito.

Vejo relâmpagos,
lembranças
e fujo de tudo
que te traga aqui

Fingo uma força
que me machuca,
louca vontade
de não resistir.

Me pego apreensiva,
as avessas dos meus dias,
corro ao espelho,
e não me encontro ali.

Pensei que tivesse ido,
mas quem foi fui eu,
Um espetro de presente,
na verdade,
o presente já passado.

Simplesmente, não dá
com não sentir?
Disfarço pedra,
mais ainda bate.
Sufocado dentro de mim.

Algo vermelho do amor,
que se encolhe ao te ver,
te via tão bonito,
Foi meu grande erro,
te querer menino,
querer demais.

Agora espalho cartas,
tentando entender,
porque me amas tanto,
se foge do querer.

Guardo esse pequenino,
coração bobo de menina,
ainda sensível,
se modifica dia a dia,
ama muito mais que antes,
só que não mais a ventania
amo quem devia.

Vanessa Siqueira

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

No Cruzamento: evitando batidas


Foi naquele cruzamento,
Um encontro injusto,
Fitou-me, olhar encantador,
sorriso tão lindo,
passagem sem destino.

Viajei horas num segundo,
perdi o ar, sem respirar
atropelei as verdades,
sem querer, um acidente,
e perdi minhas armaduras.

Senti sair pelos poros,
toda aquela história,
guardada em arquivos,
tão empoeirado.

Jorrava pelo meu corpo,
estremeci até perceber,
outra batida, quebrastes tudo
cada trapo que custou remontar,
naquela fábrica de brinquedos.

Lembro-me perfeitamente,
quando me vendeste, por tão caro,
um novo ímpar de coração,
que tinha em sua coleção,
algo meio usado,
remendos, só de amar.

E foi ali, naquele cruzamento,
que não houve tempo algum.
Tudo parado, doce correria
os carros buzinavam, sem som,
preto e branco, um retrato do presente.

Era dois seres diferentes,
um somando, outro duvidando
de um nobre sentimento,
quanta bobagem.

Se diz oi, vai sem saber,
Se retornas, não sabe o que dizer,
Se me revelo, foge por querer,
nunca soube o que quer,
que uma dúvida cruel.

Rápido acontecimento,
um mesmo tempo gasto,
enquanto tomara o café,
apreciando o nascer lunar,
ao amanhecer.

Que triste sentimento,
tão bonito a se perder,
por tão pouco, tão frágil.
Permaneci o caminho,
deixando-o novamente.
Uma velha promessa,
vedado coração,
um silêncio cortante.

Ai, aquele cruzamento,
encontro, de impossível esquecimento
olhares e sorrisos, motores e pessoas
pensamentos isolados,
silêncio.

Por pouco não perco o controle,
seria uma batida terrível,
por sorte, não tirei as mãos do volante,
e o coração, feito aço
passou livre, sem bater.

E mais uma vez,
você me deixa ir,
sem se mexer.

Vanessa Siqueira

sábado, 8 de outubro de 2011

Das antigas


Eu ainda sou daquelas antigas,
que sonha com cartas perfumadas,
o ursinho na cabeceira,
a lembrança de um beijo.

Eu ainda sou daquelas antigas,
que espera um beijo roubado,
do amor amado,
a olhar,
a bela amada.

Eu ainda sou daquelas antigas,
que precisa de um motivo pra sonhar,
que acorda com o pensamento,
nuvens,
melodias.

Eu ainda sou daquelas antigas,
que acredita em olhares, em lembranças.
Que ainda guarda versos antigos,
lembranças de um encontro,
um perigo,
um afago.

Eu ainda sou daquelas antigas,
que só de vê se arrepia,
capaz de viajar o mundo,
e ainda assim,
amá-lo intensamente.

Eu ainda sou daquelas antigas,
que tem medo de ser mentira,
tudo que foi real,
irreal, ilusão,
que saudade.

Eu ainda sou daquelas antigas,
que sente saudades,
de ainda ser assim,
metade de mim.

Vanessa Siqueira